Entrevista: Steve Huot, diretor de operações da Blizzard para a América Latina

06/08/2010 14:11

Há alguns anos pensar em um jogo traduzido totalmente para o português mais parecia utopia de fã. Hoje o cenário do mercado de games brasileiro já é outro, e as expectativas com as chamadas “localizações” estão sempre em alta – ainda que com poucas produtoras investindo por aqui.

A Blizzard, por sua vez, mostrou iniciativa e comprometimento com os fãs, trazendo aquele que tem tudo para ser o melhor jogo para PC de 2010 – “StarCraft II: Wings of Liberty” chegou impecavelmente em idioma português do Brasil.

Em um primeiro momento o fã pode estranhar ver a série que jogou por tantos anos com termos e frases em português, mas basta apenas alguns minutos de dedicação para se convencer que o trabalho foi primoroso – tanto nas legendas, passando pelas referências e até as dublagens e sincronia de voz.

Wings of Liberty mantém o mesmo estilo de jogabilidade e até o visual característico da versão anterior, claro que com algumas evoluções naturais e gráficos melhorados. E se estamos falando de um jogo em que o ponto forte é a jogatina online, a nova Battle.net deixa tudo muito mais fácil e intuitivo para reunir os amigos e montar as estratégias de combate.

Para falar mais sobre “StarCraft II: Wings of Liberty” no Brasil, e contar um pouco mais sobre os segredos da Blizzard neste território, a equipe do POP Games conversou com o diretor de operações da Blizzard para a América Latina Steve Huot. Confira agora a entrevista na integra.
 



POP Games: Qual é o investimento aproximado da Blizzard para o mercado brasileiro?
Steve Huot: Eu posso te dizer que investimos muito dinheiro, pois esse é um mercado enorme e os brasileiros sempre apoiaram a Blizzard por anos a fio. Estamos muito contentes por estar aqui oficialmente desta vez e, como todos sabem, queremos que o nosso negócio seja focado primeiramente no nosso game, e que nosso modelo de negócios funcione por aqui. E o Brasil precisa de formas de pagamento compatíveis com o país, suporte ao jogador em português, cuidados especiais em sua língua nativa, preços acessíveis e com formas de pagamento populares, como boleto bancário. Antigamente os jogadores tinham de pagar entre R$ 150 a R$ 200 por jogo, e não é esse o nosso propósito. Há jogadores que não podem pagar valores altos ou não contam com o benefício de um cartão de crédito internacional. Tudo isso foi levado em conta em nosso investimento, desde a fabricação aos trâmites de distribuição e venda, tudo pensado de forma a manter preços baixos e acessíveis. Tudo isso envolve uma boa oportunidade, muitos dólares e muitos reais.
 

Gladstone / Realphotos



Qual foi a sua reação ao ver os fãs no lançamento do game?
SH: Estamos muito felizes com a nossa primeira empreitada aqui e com a reação do publico, da mídia e dos fãs. Eles fizeram enormes filas durante o lançamento e aguardaram por horas até a meia-noite para comprar o game. Nos esforçamos muito para que isso acontecesse e sonhamos muito com esse momento. Agradecemos o esforço e entusiasmo dos fãs.

E a tradução? Ela era planejada desde o início, ou essa foi uma decisão que surgiu durante o desenvolvimento?
SH: O Brasil estava em nosso planos desde o início! O jogo não foi apenas traduzido, ele foi adaptado para português. Os lábios dos personagens se movem de acordo com as falas, as legendas estão em português, até mesmo os detalhes de cenário como placas de "perigo" estão traduzidas. Trabalhamos com muito afinco para garantir a autenticiade do game em português do Brasil, pois sabemos que ele é diferente do português europeu e também do espanhol. O game tem uma história muito rica e completa, com muitos personagens interessantes, então tomamos cuidado especial ao traduzir certos termos, piadas e nomes para esta bonita língua. Você verá que a qualidade do que é lido e ouvido é de primeira!

E quantas pessoas estão envolvidas nesse processo de adaptação?
SH: Não sei informar ao certo, mas são centenas!
Andre de Abreu [Gerente de Relações Públicas]: E um dos pontos mais importantes para frisar é o fato de que StarCraft II é o primeiro jogo que foi localizado para português do Brasil com "lip-sync" (onde os lábios dos personagens acompanham a nova dublagem em português).
Steve Huot: Sim! E vale lembrar que isso também é válido para o website, a comunidade de jogadores, o suporte online, a caixa, o manual, todo o conteúdo especial, o serviço Battle.Net, cuidamos para que tudo garanta uma experiência de jogo com a conhecida qualidade da Blizzard.



Mesmo após 12 anos, muitos jogadores ainda jogam o primeiro StarCraft. Como você justifica esse enorme sucesso?
SH: Eu acho que há uma "mágica" nos jogos da Blizzard. No início haviam três diferentes raças com características diferentes, mas o jogo era muito balanceado, todos tinham chances iguais de vencer. Acho que isso começa com os preceitos de qualidade da Blizzard. Trabalhamos muito, cuidamos dos detalhes, oferecemos jogos extremamente lapidados. E isso faz parte do processo de transformar o jogo em um produto de tecnologia. Com StarCraft II, vocês verão claramente que pudemos aplicar 12 anos de avanços tecnologicos, gráficos 3D incríveis, um sistema criado da "estaca zero", levando em consideração o que os fãs gostariam de ver nesse título. E temos uma equipe técnica e criativa muito boa, talvez uma das melhores do mundo, então colocamos nosso coração e alma ao fazer este jogo. Então quando você cria algo com tanto amor e carinho, não há como o resultado sair errado.

E o servidor do jogo, está localizado no Brasil? Ele é específico para a nossa região?
SH: Não podemos divulgar a localização física dos nossos servidores, mas o que fizemos foi separar uma rede especial para a comunidade latino-americana. Assim, jogadores que falam espanhol e português do Brasil ganharam servidores que garantem a qualidade da comunicação, que permitem o crescimento da comunidade e que oferecem excelente jogabilidade online. E monitoramos o funcionamento para garantir que o Brasil, que é um país enorme, tenha sempre servidores com perfeito funcionamento. Continuaremos sempre a nos preocupar com a experiência de jogo de nossos fãs.

Os jogadores brasileiros ficaram muito felizes com o preço final deste game. Qual sãos os planos da Blizzard para mantê-los interessados em StarCraft II no futuro? Vocês pretendem fazer pacotes de expansão especiais para os brasileiros?
SH: Ficamos muito felizes ao saber que os jogadores gostaram do preço game. A nossa idéia desde o início foi trazer um game acessível, então chegar aos R$ 49 foi um processo de muito esforço. Estamos contentes por saber que o jogador não terá de desembolsar um valor altíssimo ao comprar o game. Então pretendemos oferecer mais e mais opções para pessoas que queiram provar o nosso jogo, e continuar jogando-o no futuro.



Sabemos que os jogadores latinos (que falam português ou espanhol) jogarão juntos na versão do game vendida no Brasil. Será possível também se conectar com jogadores de outros territórios ao redor do mundo?
SH: A princípio, cada território tem os seus próprios servidores e comunidade distintos. Se o jogador for da Rússia, ele jogará em servidores russos. Se ele for asiático, em servidores na Ásia. É esse o modo que desenhamos o serviço online de StarCraft II. Os norte-americanos podem conversar com jogadores do mundo todo via Battle.net, por exemplo, mas no que diz respeito à competição online, ela fica restrita ao território atendido pelo servidor. Assim, garantimos que o jogador faça parte de uma comunidade dedicada à sua cultura e língua, e tenha uma rede especialmente desenvolvida para ele.
 

Gladstone / Realphotos


 

 

 

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